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Foto do escritorPsicóloga Laís Almeida

Black Mirror: Saúde Mental, Redes Sociais e a Auto-Comparação



O ato de comparação é inerente ao ser humano. Olhar para si e perceber que o outro é diferente, tem seu aspecto natural de reconhecimento de que em dadas coisas somos iguais e que em outras somos diferentes. Se pararmos para pensar, não há um problema aí, mas sim a possibilidade de conhecimento de si, do outro e do ambiente.


Ok, estaria tudo bem se, hoje, fluísse desta maneira, mas como tudo no cotidiano evolutivo das redes soicias, a autocomparação se tornou desenfreada e obsessiva. Gerando grande carga de energia emocional, a autocompração age diretamente na autoestima, na presunção de autovalor, no aprofundamento em se alojar em uma zona de conforto, na generalização de ações e efeitos como os de manada, na aceitação do outro e de si perante o engajamento, sendo este as custas da saúde mental.


As redes sociais vem ganhando espaço, vagarosamente, no avançar dos anos. A atual geração vivencia desde muito cedo a comparação silenciosa e escancarada projetada nas redes. Tornou-se familiar, tornou-se amplo e envolvente. Mas o que dizer de gerações anteriores que se entregaram de modo tão genuíno às redes de comparação, também. Já dissemos aqui, a comparação sempre fez parte da história evidencial humana. Sempre nos comparamos, sempre nos compararam, mas hoje isso age tão fortemente, que cada vez mais pensamentos de que “ser você está errado”, que “você não deveria ser como é, pois tem uma forma melhor de ser você” estão se naturalizando e assim aprimorando um comportamento padrão de imagem e vida excludente e inalcançavel para muitos. O real problema destas imposições realizadas de modo tão fluído é nichar o ser em uma caixinha de pré molde. Até quem quebra padrão, gera padrão.


Muitos dizem que o instagram é um grande vilão da autoestima, mas hoje nenhuma das redes sociais foge à essa regra. O que ser, o que fazer, onde estar, como se portar, são movimentos transparecidos ali, na tela de celular, mostrando que você só é bom se seguir e alcançar certas expectativas. Ser feliz na atualidade virou sinônimo de ser e ter dentro das expectativas geradas pela autocomparação de que o outro é melhor, acessível, correto, exemplo e modelo.


E é depois de muito se comparar, tentam alcançar e se frustrar, que a percepção de uma autoestima e um autoconhecimento devastados se mostram. As redes de interação, a necessidade de informação e tecnologia, o pertencer de um lugar nos prendem em um mundo que por vezes não reconhecemos, mas aceitamos, pois já estamos envolvidos. Neste ponto a saúde mental se faz sensível e escassa, mas a autocomparação, como dito anterriormente, já se tornou familiar.


Essa é uma das inúmeras demanda que hoje encontramos nas salas de psicoterapia. Pois, diariamente, chegam pacientes com autoestima em baixa, autodesvalorização, não reconhecimento de si e frustrações constantes, emanando ansiedade.


Cuide da sua saúde mental e viva a tecnologia, mas não viva para a tecnologia. Se reconheça a ponto de gerar, não mudança, mas sim atualizações de ser você no seu melhor espectro.


Obrigado por ter lido até aqui e seja bem-vindo a psicoterapia.

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