Solidão Entre Multidões : o Vazio das Relações Superficiais
- Psicóloga Laís Almeida

- 9 de nov.
- 2 min de leitura

Vivemos cercados por vozes, telas e presenças. As cidades pulsantes e as redes sociais conectam milhões de pessoas em um fluxo constante de comunicação e, paradoxalmente, nunca fomos tão solitários. A solidão entre multidões é o retrato do sujeito contemporâneo: cercado de rostos, mas faminto de encontro genuíno.
Nas relações superficiais, o toque é substituído pelo “like”, a escuta é trocada por respostas automáticas, e o olhar, antes espelho da alma, torna-se breve, distraído. O outro deixa de ser um mistério a ser desvelado e se torna um espelho que só confirma o que já somos ou desejamos parecer. Essa fragilidade dos laços revela o medo de se expor, de ser visto em profundidade, medo de ser, simplesmente.
O existencial compreende que o ser humano é um ser-em-relação: precisamos do outro para reconhecer nossa própria existência. Contudo, quando o vínculo se dilui em aparências, surge o vazio, não aquele que destrói, mas o que denuncia a ausência de sentido. O sujeito sente-se invisível, mesmo rodeado de aplausos. A multidão torna-se um deserto emocional.
Reconectar-se exige coragem. É preciso desacelerar o ritmo da vida performática e resgatar a presença: o silêncio que escuta, o olhar que acolhe, o tempo que permite o diálogo. Relações autênticas nascem da vulnerabilidade, do reconhecimento da imperfeição e do desejo sincero de compreender o outro sem máscaras.
A solidão entre multidões é um sintoma do tempo, mas também um convite à cura: voltar-se ao humano que habita em nós e no outro. Pois, no fim, o verdadeiro encontro não está na quantidade de conexões, mas na qualidade das presenças que escolhem permanecer quando o mundo grita e a alma apenas sussurra.
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