Consciência de Classe na Psicoterapia: Reconhecendo as Dimensões Sociais do Sofrimento
- Psicóloga Laís Almeida
- há 1 dia
- 2 min de leitura

A psicoterapia, historicamente centrada no sujeito individual, vem ampliando seu olhar para incluir fatores socioculturais na compreensão do sofrimento psíquico. Entre esses fatores, a consciência de classe se destaca como elemento essencial para uma escuta mais ética, crítica e transformadora. Consciência de classe refere-se à percepção que o indivíduo tem de sua posição dentro da estrutura socioeconômica, bem como à compreensão das desigualdades, privilégios e opressões que decorrem dessa posição.
No contexto clínico, ignorar essas dimensões pode levar à patologização de respostas legítimas à exclusão social, ao desemprego, à precarização do trabalho ou à pobreza. Por exemplo, sentimentos de desesperança ou exaustão em sujeitos em situação de vulnerabilidade não devem ser reduzidos a diagnósticos isolados, mas compreendidos dentro de uma lógica estrutural que reproduz desigualdades.
Incorporar a consciência de classe na psicoterapia não significa transformar a clínica em um espaço de militância, mas em um espaço de validação da experiência social do sujeito. É reconhecer que sofrimento psíquico e realidade material estão profundamente entrelaçados. Para isso, o psicólogo precisa revisar suas próprias crenças sobre meritocracia, sucesso e fracasso, além de adotar uma escuta sensível às interseções entre classe, raça, gênero e território.
Ao favorecer essa escuta, a clínica torna-se mais inclusiva e emancipadora, promovendo não apenas alívio sintomático, mas também fortalecimento da autonomia e senso crítico. Assim, a consciência de classe na psicoterapia não é um viés ideológico, mas um compromisso ético com a complexidade do humano em sua totalidade. É, portanto, um passo necessário para uma psicologia mais justa, que reconhece o sujeito em sua singularidade e em sua condição histórica.
Seja bem-vindo à psicoterapia e continue nos acompanhando.
PsiPop | Psicologia Viva Zen !
Comments